
- Os meu Parabéns Catarina! A apresentação foi brilhante! Muito melhor que a minha.
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- Trabalhei tanto, esforcei-me tanto, fiz uma apresentação brilhante e rejeitaram-na.
Sandra Martins |
- Este papel é seu. Esqueceu-se dele no pára-brisas do meu carro! Grita |
- Este papel é seu. Não gosto que me deixe recados e me diga o que devo ou não fazer com o meu carro, ou seja com o que for.
- Não deixei recado nenhum, mas acho pouco civilizado bloquear outros carros sem avisar sequer.
- Lá porque eu não tenho uma casa com garagem e jardim, não lhe permito que me diga o que fazer, já me chega lá no trabalho ou a minha mãe.
- As invejas não se resolvem com violência. - Pode ter mais dinheiro, mais tempo, mais liberdade de escolha e pode até ter mais espaço e um carro melhor, mas isso de me dar ordens que me façam sentir inferior e estar a ser mandado não lhe aceito. A inveja incentiva-o a atirar o papel à cara do vizinho e a força das frustrações fecha firmemente a porta. Catarina Ariztía
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O dia passava lentamente, a Catarina, muito cansada, quase arrastava os pés. |
Quando desligou, o marido da Catarina começou a pensar que - ele era um cínico - ter casado com a Catarina tinha sido um grande erro. Era a mesma coisa que pensava a Catarina, apesar de ser uma pessoa de poucas palavras.
A Catarina lembrou-se de ocasiões perdidas e não passava um dia sem que se arrependesse da sua decisão. O marido, entretanto, no carro já mudou de ideia e depois de ter ligado para a Catarina, para avisar que tinha tido um imprevisto e que não ia almoçar, dirigiu-se ao clube de regatas. Ainda bem, pensou a Catarina aliviada, e abriu a janela para respirar fundo.
Giuseppa Giangrande |
- Posso ir lá, ou não? (Tchau, até ao meu regresso.)
- Tu é que sabes, mas eu tenho que comer. (Atreve-te a sair, meu camafeu!)
- Ok, mas eu posso deixar o prato arranjado e é só aqueceres. (Filho, orienta-te...)
- Vai lá. (Se saíres, escusas de voltar.)
- Tens a certeza que não te importas. (Mesmo que te importes, adeus.)
- O que é que disseste? (Mas tens coragem?)
Tiago Pina
Maria Luísa continuou a dobrar a roupa. O marido continuava a falar. Não o ouvia. Sabia que devia prestar-lhe atenção, que havia pormenores e detalhes e informações e coisas que lhe convinha saber. O marido, não, nada de marido! Era melhor mudar-lhe o título já: o futuro ex-marido seguia com a diarreia verbal. |
Maria Luísa continuou a dobrar a roupa. O marido continuava a falar. Não o ouvia. Sabia que devia prestar-lhe atenção, que havia pormenores e detalhes e informações e coisas que lhe convinha saber. O marido, não, nada de marido! Era melhor mudar-lhe o título já: o futuro ex-marido seguia com a diarreia verbal.
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